terça-feira, dezembro 25, 2007

As melhores coisas da vida são únicas. Então fique atento aos detalhes, pra poder dar replay antes de dormir, sempre que precisar.

A pessoa mais matemática que conheci na vida era médica, especialista em salvar crianças prematuras. Trabalhou por 40 anos nos EUA, muito reconhecida por lá, aqui simples mortal.

Bem antes disto. Começou pela amizade com a mãe desde os 6 anos.

Em 79, um avião desapareceu na rota Narita, Los Angeles. Na bagagem, 153 obras de Manabu Mabe. No dia seguinte o encarregado de embarcar as obras foi assassinado. Isto pouco se conta, mas aconteceu. Do avião, nada se encontrou. Foi o único da história da aviação mundial. Não é filme.

O piloto era marido desta médica, que ficou sozinha com suas 3 crianças. Lembro até hoje do telefonema, quando nos avisaram do acontecido.

A história é inacabada. Mas conheço bem a vida dela, que se entregou a salvar crianças que tinham até 24 semanas de gestação, 300 e pouquinhas gramas.

Foi com ela meu 24 de dezembro. Forte, objetiva, inteligente, se fazia passar por racionalíssima até então.

Não houve uma só criança pelo qual eu não tivesse tentado até o último minuto, mesmo quando a mãe já tivesse desistido. Em cada morte existia uma perda. Eram 3 ou 4 dias de total tristeza, até que surgia outra que poderia ser salva.

Estas crianças muito provavelmente teriam problemas respiratórios, de visão e algum retardo mental por falta de oxigenação. E mesmo assim valiam a pena.

É como apostar em cavalos de 3 patas, quando sente coisas estranhas por cavalos de 3 patas.

Apesar do ceticismo, quando me alarguei nas histórias sobrenaturais, confessou. Uma noite, depois de vários anos do desaparecimento do marido, ele foi até sua cama, se enroscou, e pela última vez ali ficou.

Foi a resposta para anos de espera. A despedida.

Esta mesma mulher, racional ao extremo, carregou por 30 anos um vidro contendo areia do rio Guaíba. Até que um dia se quebrou.

Natal de história. O verdadeiro sentido. Quando alguém deixa as portas escancaradas para então convidar ao seu mundo.

Meu celular voltou, Aline, Ico, Carlos, Elaine....
Magra e Gonzaga adorei o torpedo...mas acho que vocês erraram o número!

Os fatos são verídicos, mas como tudo na vida, acredita quem pode.

E eu posso.
http://www.jetsite.com.br/2006/mostra_blackbox.asp?codi=23

Um comentário:

AS disse...

Felicidades, Joice!!!
Te Admiro como Pessoa, como Profissional e como Escritora!!!
Amo a maneira como escreve...!
Grande beijo!