sábado, dezembro 22, 2007

as mil verdades

Nós somos o que fazemos repetidas vezes. Portanto a Excelência não é um fato, mas um hábito.

Li isto, e fez um sentido tremendo. Porque hábito parece monótono, pouco criativo. Quando alguém comete atos, sem perceber que existe rotina.

Existe, e esta rotina aplicável às idéias se chama filosofia.

Acabei de ver um acidente. Mesmice. Carro em alta velocidade entra na traseira de alguém menos veloz com o pisca dizendo que vai dobrar. Estrago. Sempre existe um apressado e um vagante que se encontram, com seus bicos de pato que nunca se beijam, só por acidente.

Me divirto por aqui. Voltei, percebi que idéias e filosofias são boas demais, independente de quem escreva. Fazem respirar melhor.

Paris está longe, tanto quanto a cidade baixa. Não pretendo passar a vida procurando algo que sempre esteve dentro de mim, só não encontrei companhia pra dividir e transcender. Esta é a minha viagem.

-Joice, foi tu que fez...
-Não, foi o Roberto.

Roberto sempre tinha um discurso fluente e persuasivo. Eu ficava tão estupefata com a explicação. Nem a verdade seria tão convincente. Cresci.

Desisti das explicações. Roberto criava a realidade, enquanto eu me calava.

A gente é aquilo em que acredita. Ou a gente é aquele em que acredita ser. Roberto fazia ser real.

Ele cresceu e se casou com uma garota que o amava loucamente. Não sei dizer quantos anos fazem. O discurso fluente empreguiçou, porque a garota que o amava loucamente pensava quase como ele, e quando não, era mais fácil acreditar no discurso fluente do idolatrado. Ir contra Roberto era como trair a si mesma, sua alma gêmea.

Que mundo cruel.

Roberto deveria ser hoje um adulto maduro. Deveria ter aprimorado seu discurso. Por ser amado de forma incondicional, ter se tornado um ser perto da perfeição. Mas não aconteceu, se deixou seduzir pelo próprio discurso, que não permitia dúvidas nem aprimoramento.

Roberto era a pessoa mais inteligente que conheci na infância, hoje é só um confuso ressentido.

Chega de lenga. Tentar entender idéias que não são as suas não é demonstração de fraqueza. É demonstração de empatia.

Podem vir de um coração que procura a verdade, sem preconceitos. Mesmo que o discurso não seja tão bom, existe fé obstinada nas idéias. E isto não significa monotonia. É só hábito, preservado em lágrimas.

Ainda tento fazer das minhas idéias um discurso entendível. Quem sabe um dia, consiga dividir um pouquinho delas com o Roberto, meu irmão.

Agora, deixamos de acontecer.

Um comentário:

AS disse...

Ei, Joice!!!

Amei suas palavras...realmente são mil verdades...!!!
Adoro a frase do Aristóteles que você iniciou seu maravilhoso pensamento...!!!
Estou num momento meio assim...!
Grande beijo!
Paz e Bem!